MULHERES À OBRA: Comunidade de Empreendedorismo Feminino é caso de sucesso

Foi em março de 2017. Num grupo de Facebook para mães, alguém fez um desabafo: conciliar a vida familiar e o trabalho era quase impossível. Este sentimento, partilhado por muitas mulheres, originou uma avalanche de respostas.

Ficar com os filhos doentes em casa ou cumprir o horário laboral; ir à reunião da escola ou a uma reunião de trabalho; tirar umas férias prolongadas em família ou colocar os filhos em campos de férias enquanto continua a trabalhar; já para não falar de todas as tarefas domésticas que esperam muitas mulheres ao final de um dia de trabalho. São questões como estas que sobrecarregam, preocupam e por vezes exasperam muitas mulheres.

As mulheres conquistaram arduamente o seu direito à participação no mercado de trabalho, e hoje assumem funções nos mais variados ramos de atividade e ocupam posições hierárquicas muito diversas. No entanto, a sociedade tarda em adaptar-se a esta mudança e o movimento inverso, a partilha em situação de igualdade das responsabilidades familiares e domésticas entre homens e mulheres, tem sido mais lento. O resultado disto é uma sobrecarga de responsabilidades que se abate sobre muitas mulheres trabalhadoras, comprometendo a sua qualidade de vida e o seu desempenho a todos os níveis.

Empreendedorismo Feminino

Foi este sentimento de insatisfação perante a dupla jornada que motivou a criação de um grupo de mulheres empreendedoras no Facebook, precisamente a partir daquela publicação inicial feita por uma mãe em desespero. Entre as muitas mulheres que responderam a este apelo, encontravam-se duas empreendedoras desconhecidas entre si: Carla Lopes e Camila Rodrigues.

mulheres a obra empreendedorismo feminino 2

Uma empreendedora com uma vasta carteira de clientes em tradução, a outra bolseira de doutoramento a ponderar a criação do seu próprio negócio, ambas com uma preocupação partilhada: criar uma comunidade colaborativa de mulheres empreendedoras que, através da criação dos seus próprios negócios, reivindicassem o poder de decidir como, onde e quando iriam trabalhar.

Mulheres em rede

mulheres a obra logotipo empreendedorismo femininoAssim nasceu o grupo de Facebook Mulheres à Obra. As Mulheres à Obra cresceram de tal forma que hoje agregam perto de 100 mil mulheres empreendedoras lusófonas, incluindo muitas empreendedoras brasileiras, residentes tanto em Portugal como no Brasil.

O grupo de Facebook, onde todos os dias se trocam informações, sugestões, e oportunidades, é complementado por um portal, um livro, uma revista digital e um evento anual, realizado em Lisboa, que celebra a mulher empreendedora e valoriza o seu percurso: As Vozes do Empreendedorismo Feminino.

Descentralizar e expandir

Atualmente, este movimento de mulheres empreendedoras está a atravessar uma fase essencial do seu percurso. Estão a ser criadas coordenações regionais das Mulheres à Obra em diversas zonas de Portugal: Norte, Algarve, Alentejo, Madeira. Estas coordenações regionais irão contribuir para a descentralização da comunidade, que atualmente se encontra muito concentrada em Lisboa.

Passará a ser possível organizar eventos presenciais nestas regiões, pois para solidificar as relações criadas online é essencial apostar também no contacto presencial. No próximo ano, prevemos dar um passo de gigante e levar a nossa comunidade além fronteiras, precisamente aos países lusófonos onde temos uma presença mais significativa: Brasil e Angola.

Esperamos assim incrementar as sinergias criadas entre as nossas Mulheres à Obra e incentivar a criação de uma cultura de cooperação entre as mulheres empreendedoras da lusofonia. Afinal, os negócios não são feitos apenas, nem sobretudo, de competição. É possível criar pontes mesmo com potenciais concorrentes e encontrar possíveis parcerias de benefício mútuo.

Comunidade de mulheres empreendedoras

Mais do que a criação e manutenção do negócio próprio, as mulheres empreendedoras desta vasta comunidade procuram criar entre si um ambiente empreendedor saudável, pautado pela colaboração, a partilha, a aprendizagem, o respeito mútuo e o crescimento coletivo.

Nesta comunidade inclusiva, todas as empreendedoras têm igual direito de participação, independentemente da dimensão do seu negócio. É esta igualdade de circunstâncias entre mulheres empreendedoras tão diversas que constitui a riqueza de uma comunidade onde todas têm tanto para aprender e ensinar.

Empreendedorismo sem tabus

O empreendedorismo é abordado com frontalidade. Os seus avanços e recuos, os sucessos e fracassos, são debatidos sem tabus, pois ser empreendedora não é fácil e é fundamental que toda a mulher que se aventura neste percurso tenha plena consciência daquilo que vai enfrentar.

É uma ilusão pensar que se vai trabalhar menos e ganhar mais, mas quando assumimos as rédeas do nosso próprio trabalho, podemos tentar organizá-lo de forma a que seja possível ter locais de trabalho e horários mais flexíveis e adaptados às nossas contingências familiares e pessoais.

O empreendedorismo feminino emerge assim como um caminho para um maior equilíbrio entre vida profissional e vida familiar. Mais do que criar negócios, as mulheres empreendedoras criam uma nova forma de estar no trabalho que vai crescendo e, ao multiplicar-se, vai mudando mentalidades, consciências, formas de estar e de ser. No fim desta longa e árdua caminhada, estará a conquista do direito a uma vida familiar e profissional que, em vez de estar fraturada por ruturas irreconciliáveis, estará unida por continuidades que favorecem a harmonia e o bem estar.

 

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